domingo, 26 de julho de 2009

O desafio de ser mãe no século XXI

Um depoimento

Marisa de Menezes Marques*

Bom, nem todas as mulheres pensaram em ser mães quando se tornaram mães. Eu, por exemplo, não me tornei mãe quando quis e esta busca por um filho me trouxe vários questionamentos. Para quê eu queria me tornar mãe? Era realmente um desejo meu ou um dever familiar e social? E para o filho, qual o propósito de colocar alguém no mundo? Foi uma longa caminhada...

Desafios de ser mãe
no século XXI

Mas descobri em mim um desejo sincero de me tornar mãe e estar comprometida não só em conseguir um filho, mas criá-lo e educá-lo para ser também comprometido com o mundo e com ele mesmo. Tornei-me então mãe de Matheus, hoje com nove anos, meu filho biológico e mãe de Maria Gabriela, com cinco anos, minha filha adotiva. Duas formas genuínas de se tornar mãe e igualmente legítimas.

Educar traz para nós pais, muitos desafios, principalmente hoje em dia onde a gama e a rapidez de informações são muito grandes. Por isto, para mim, um dos maiores desafios, além dos limites que temos que dar diariamente, é o de poder olhar para minha família e saber o que realmente queremos para nós. E isto, implica tentar sair do sistema, deixar de pensar com a massa e com a mídia e fazer contato com os nossos reais desejos e necessidades.

Vários episódios vividos com meus filhos me fizeram pensar o que eles precisam e o que realmente é saudável para nós. Percebo que eles têm coisas com que nunca brincaram e continuam pedindo mais coisas. Minha filha me pede brinquedos que ela vê na TV que ela nem sabe o que é, mas quer pelo apelo do marketing. Crianças são alvos fáceis, mas nós adultos temos que estar atentos, identificar nossas culpas por ausências e negligências para não cairmos nesta estória ilusória de felicidade e plenitude quando adquirimos “aqueles produtos” anunciados. Se não ficarmos atentos, nos mataremos de tanto trabalhar, seremos ausentes, estressados, não estreitaremos nossos vínculos e afetos tão importantes para o desenvolvimento e relacionamento do ser humano... e para quê? Consumir, consumir, consumir?

Quando me tornei mãe, eu assumi para mim, para a família e a sociedade a missão de criar um cidadão. Uma pessoa responsável por si e pelo seu meio (familiar social e ambiental). Como isto poderia ser diferente? Mesmo que pareça ideologia o que estou falando, o que eu poderia querer de melhor para os meus filhos do que um mundo mais justo para todos?

Converso tudo o que é possível com meus filhos. Eles sempre sabem por que estou agindo daquela forma e o que estou pensando. É bastante difícil administrar hoje em dia situações em que nossos filhos nos pedem objetos ou brinquedos que eles “precisam adquirir”, pois fazem parte dos materiais de consumo do momento, caracterizando nos grupos sociais uma forma de aceitação, inclusão, pertencimento e isto para a criança e o adolescente é muito importante.

Mas em muitos casos trata-se também de uma inversão total de valores: se não cuidarmos poderão ficar insustentáveis, com consequências graves para todos. Sempre faço menção ao social e à sociedade quando penso em criação e no meu papel. Acho impossível pensar em como cuidar dos meus filhos e não cuidar do meio onde eles vivem e viverão. Claro que isto não é papel só meu. É de todos nós. É preciso que se crie essa consciência já.

Comparo muitas vezes o papel de mãe a uma profissão: somos apaixonados por ela, adoramos o que fazemos apesar de trabalharmos muito. Com dedicação, afinco, bom senso e muito amor seremos capazes de ajudar na construção de um sujeito bem estruturado e capaz de lidar bem com a própria vida.

Quem faz o mundo é o homem e quem o cria somos nós. Assim, teremos cumprido nossa tarefa.

*Psicóloga, pósgraduada em psicopedagogia.
Especialista em terapia de família e casal.

• Como reagir à pressão do consumismo na educação dos filhos?
• Está sendo difícil estabelecer limites neste modelo de sociedade?
• Há consciência da responsabilidade social das famílias em nossos dias?



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